CONTO DE NATAL VENCEDOR DO CONCURSO LITERÁRIO

"VOZES QUE CONTAM" 2015

        É com muita honra que partilhamos o trabalho realizado pelos alunos vencedores do Concurso Literário " Vozes que Contam". Parabéns aos vencedores e a todos os participantes!

Talvez

Estava frio lá fora. E Lisa pensava sempre no mesmo. Como seria se nada daquilo tivesse acontecido? Se as suas pernas respondessem à sua vontade? Pois é. Lisa sofrera um grave acidente. E, desde então, vivia submersa numa profunda tristeza.

Já nevava e o Natal estava à porta. Passara um ano desde o dia em que a sua vida mudara para sempre.

Lisa ouvira a voz da mãe chamar por si. Era hora de enfeitar a casa. De uma caixa foram retiradas as bolas. As luzes abraçaram a árvore. O presépio foi colocado debaixo do alto pinheiro. Pequenas luzes piscavam nas paredes, nas janelas, nas varandas...Tudo brilhava, menos os olhos de Lisa.

Enquanto criança, os seus olhos projetavam o brilho natalício, mas depois daquela reviravolta tudo ficou fosco.

A dois quarteirões de distância um homem vivia rodeado de perguntas. Tinha-se apercebido dos seus erros. Tinha perdido todas as pessoas que lhe eram importantes. Como? Bem, isso é uma história para outra altura, o que importa é que ele queria mudar. Mas não sabia como. Talvez uma boa ação? Sim, isso poderia ajudar na maneira de como as pessoas o viam, e mais importante, como ele se via.

Naquele dia, saiu. A neve cobria as estradas e o frio perfurava a pele. As luzes das casas faziam questão de relembrar a época em que estavam, e as crianças riam e brincavam, entusiasmadas pelo dia tão esperado que se aproximava!

Depois de algum tempo, entrou num café. Sentou-se. Através da janela observava a rua iluminada enquanto bebericava o seu chocolate quente. Sem querer ouviu:

-Estou a ficar cada vez mais preocupada.

- Também estou inquieto. Parece que o brilho dos olhos da nossa filha está a desaparecer.

- Talvez a tal cadeira pudesse mudar isso, sabes?

-Estás doida? Não conseguiríamos pagá-la!

O homem interpretou a conversa como uma oportunidade e decidiu agir. Na verdade estava bastante empenhado em mostrar a todos que mudara.

-Desculpem, mas não pude deixar de ouvir. Eu posso ajudar.

- Como?

- Eu vou pagar a cadeira de que precisam.

Os pais de Lisa ficaram apreensivos, mas aceitaram a oferta inesperada daquele renegado. Talvez fosse o desejo desesperado de verem a sua filha sorrir. Ou talvez fosse o desespero do homem por uma nova oportunidade.

Turma 9.1

Concurso literário

Vozes que contam